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  • Eduardo Carlos Pereira

Memória Itália Jundiaí


Cerâmica de telhas Mantovani cerca de 1900 (foto extraída do livro "Núcleos Coloniais e Construções Rurais")

Com as eleições dia 25 para o parlamento italiano, pudemos agradavelmente saber do interesse e empenho do nosso representante, o senador Fabio Porta, em campanha como candidato a deputado par a representação no país. Italianos são 80 milhões fora da Itália em países como o Brasil e Argentina. Esses eleitores, fora da Itália, chegam aos quase 5 milhões, desses cerca de 1,5 milhão residem na América do Sul, sendo 432 mil somente no Brasil. Andrea Matarazzo, com trabalho político no brasil e nas relações com aquele país (foi cônsul brasileiro em Roma) se candidata ao Senado de lá. Para os italianos eleitores, isso é bastante familiar: o voto é enviado por correio para o eleitor que por sua vez envia a cédula com seu voto para o consulado ou vice-consulado.

Esse sistema, é adotado para toda a América Latina, que elegera o senador e o deputado representante dos italianos nessa nossa região americana.

As intenções de ambos candidatos são muito claras e é a hora certa para reavaliarmos e tirarmos a poeira de coisas que não estão bem resguardadas em Jundiai. O patrimônio histórico nosso não está sendo cuidado; o conjunto construído, se identificado não está preservado e pior, se não é visto desaparece sem ninguém perceber, nem mesmo está se cuidando do patrimônio documental: fotografias, cartas, documentos, escrituras, lembranças dessa imigração épica na história da humanidade. Não existe interesse sistemático nem na salvaguarda desse conjunto arquitetônico e nem do acervo privado e público.

Para se alterar esse estado de coisas, o mesmo grupo que estudou, estuda e conserva o que puderam, agora pretende mudar. Com apoios como de Fabio Porta e Andrea Matarazzo isso terá mais atenção e ações estão em debate. Faço parte desse time e tenho um pouco de orgulho de manter comigo documentos e pesquisas realizadas por mim nos últimos 45 anos, com participações na exposição Itália Brasil em 1986 e o livro “Cem anos de Imigração Italiana em Jundiaí” (1986) que recuperaram a autoestima do imigrante italiano.

Casa Nalini. Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, Jundiaí 1980 (foto extraída do livro "Núcleos Coloniais e Construções Rurais")

Fabio Porta diz que a Itália, nem o povo nem o parlamento, não conhece a realidade dos seus descendentes no mundo e que seria importante criar uma “matéria interdisciplinar nas escolas italianas abrangendo da arquitetura à geografia, da literatura à música e às artes” produzidas pela presença da comunidade italiana em outros países.

Não só na Itália como aqui também é urgente que a história da imigração seja preservada e difundida a partir de um Centro Regional da Memória da Imigração italiana, abrangendo todos os municípios que à época da imigração integraram Jundiai no século 19 e hoje corresponde a nossa Região Metropolitana de Jundiaí. É necessário um espaço sistematizado pra guardar museologicamente todos os documentos, fotografias, artes que fizeram parte do cotidiano do imigrante, lazer, gastronomia, agricultura e indústria na região. Identificar coleções e acervos além de fotos, cartas, publicações e documentos para preservar o panorama épico da imigração italiana em São Paulo e região.

A italianidade e seu reconhecimento em todo o mundo trazem pra hoje uma instigante preocupação pela salvaguarda das paisagens que abrigaram e, continuam até hoje quase intactas, que ameaçadas precisam ser preservadas e usadas contemporaneamente com desdobramentos e implementação das relações culturais entre Itália e Brasil: história e atualidade.

Disponibilizo o e-mail: memoria.italiajundiai@gmail.com para implementar e dar continuidade a esse movimento. Participe e colabore.

Artigo publicado originalmente na secção de Opinião do

Jornal de Jundiai no dia 17etembro de 2022

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