top of page
Search
  • Eduardo Carlos Pereira

“A gente quer comida, diversão e arte”

Palco Mundo do Rock in Rio 2022 (@wesleyallen_)

Essas eleições estão despertando algumas situações não vistas em campanhas anteriores. Além da escalada das Fake News, a pandemia e o apagamento dos paradigmas da cultura; as concentrações populares em grandes eventos que por conta do isolamento sumiram por esse tempo todo. Ao renascer, as manifestações de música e arte, bombam, mas continuam distantes nas campanhas e nas plataformas políticas dos candidatos.


Considerações sobre o desempenho dos governos na cidade de São Paulo em relação à cultura nos últimos 10 anos, temos em um rápido olhar que não houve recuo na produção de bens culturais, apesar do recesso, haja vista o resultado dos 10 anos de restauração do Museu do Ipiranga, que entre todos os méritos tem o de ser uma iniciativa paulista e da USP. Passou com dificuldades durante esse período em que foi extinto o Ministério da Cultura, mas se manteve firme na concretização de devolver esse bem cultural a população.

Nos últimos 10 anos, São Paulo teve oito gestores de cultura com o cacife de Juca Ferreira, Nabil Bonduki, Alê Youssef e a atual, Aline Torres. Ao contrário, o governo federal nos últimos cinco anos trocou gestores de peso por outros sem competência, que além de fora do assunto, não tinham nem estatura nem conhecimento. A atual Secretaria Especial da Cultura (extinto MINC), coloca atores para administrar a cultura, por exemplo, Mario Frias como secretário especial. Outra, Larissa Peixoto (estrategista de marketing), que cuida do patrimônio histórico nacional onde o caso do IPHAN é um escândalo exemplar.

Emanoel Araujo (foto: Antonio Milena/AE)

A partir de Marta Suplicy, 2001, se iniciou o Museu Afro Brasil, que permitiu a Emanoel Araujo (1940 – 2022) tornar a negritude um motivo de orgulho na arte, na autoestima do povo brasileiro: põe no lugar o papel da mão do afro-brasileiro na construção do país. Arte, gastronomia, música, cultura, arquitetura e a representação da religião que de fato foi e é um enorme caldeirão cultural e de brasilidade que não tinha o devido reconhecimento. Emanoel foi brilhante, referência sólida do poder e potencial dos movimentos afro. Hoje, Aline Torres, afrodescendente, faz a gestão atual da cultura na cidade de São Paulo.

Com toda essa galeria de Secretários e iniciativas publicas o potencial paulistano vem à tona e torna a cidade um dos 50 destinos artísticos e culturais mundiais eleitos pela revista Travel and Leisure.

Em Jundiaí, apesar das inúmeras exposições oferecidas e selecionadas através dos editais burocráticos, com pontuações para os que se identificam com o gênero, não se abriu espaço para manifestações de artes visuais nas denúncias das atrocidades contra negros e mulheres. Lembrando o que Emanuel Araújo fez, é preciso ser estendido para uma política cultural com claros objetivos, pautas e projetos. Não basta abrir editais para expor! É preciso uma organização para que não se perca na dispersão de temas e qualidades expositivas o efeito na formação de público. Não adianta expor para um público que não existe. É preciso formar público para esses espaços. Isso é uma ação planejada. É preciso de conceitos inovadores, atuais, conteúdos provocadores, divulgação com qualidade e abrangência. Esperam-se mudanças!


Mariana Janeiro e Fabiana Ferreira (@chapadaspretas)

Mariana Janeiro, jundiaiense, encabeça a Chapa das Pretas para o Congresso Nacional junto com Fabiana Ferreira, sendo uma das poucas a “abordar de modo contundente a necessidade de formulação de políticas públicas que garantam mais igualdade e conquistas de espaços públicos para as comunidades pretas e LGBTQIA+.” E continua:

“Esse direito, geralmente tratado e discutido no campo do trabalho, carece ser espraiado também no território das artes e das mostras artísticas – visto a efervescente produção de artistas de toda região metropolitana de Jundiaí que dificilmente encontram vitrine para exposições, o que não deixa de configurar um tipo de exclusão e de preconceito. A política é a ferramenta que temos para garantir essa paridade de visibilidade, por meio de editais públicos inclusivos e democráticos. Precisamos começar a virar esse jogo, agora!”




Artigo publicado originalmente na secção de Opinião do

Jornal de Jundiai no dia 01 outubro de 2022

71 views0 comments

Recent Posts

See All
bottom of page